TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016
"Têje Velho!..."
Reflexões
Por J C Menezes
Pensador e Pesquisador Generalista
Quando somos jovens, adultos ou na meia idade e, até mesmo já considerados quase idosos, em torno dos 60 anos de idade, digamos, salvo exceções, achamos que a pior coisa da velhice, seriam as doenças e os remédios continuados, além da dificuldade de locomoção! Puro engano. Esses dois obstáculos realmente existem e são sérios. Mas, eles vêm em segundo e terceiro lugares. Em primeiro lugar, reina absoluto o desrespeito velado ou explícito de muitos novos. Não todos os novos, obviamente, porém, uma grande parte deles, sem distinção de gêneros!
Assim sendo, o ruim da velhice (saudável ou relativamente saudável), não é a velhice cronológica em si, mas aquela que os novos acham que o velho tem que assumir. E que, muitas vezes, não simplesmente acham que os idosos tenham que assumir, mas, veladamente, impõem a eles tal comportamento, não deixando ao idoso outra opção além daquela que desejam. Conseguem isso através do uso da indiferença, do desprezo e, não raro por meio de palavras ríspidas e desrespeitosas! Ou ainda com gestos sutilmente intimidatorios... Uma coisa louca, isso!... Que tem que ter um paradeiro!... Você, leitor que está próximo "de chegar lá", vá pensando nisso!... Não podemos aceitar mais, isso como normal.
Alguma legislatura no Congresso Nacional do nosso país (quem sabe, será essa próxima...), haverá de conter um grupo de senhores e senhoras legisladores lúcidas(os) e coerentes que criarão leis rigorosíssimas, com cláusulas pétreas, capazes de extinguir de vez essa humilhação dos idosos. Não é combater, é extinguir, pois a velhice nada mais é, de que o futuro de todos nós (inclusive deles, os legisladores), apesar de que os ricos são menos afetados por essa mazela humana !...
A desvalorização dos idosos nesse nosso Brasil é uma coisa absurda. Uma verdadeira insanidade coletiva. Somos vistos como se estivéssemos com um pé na cova! E digo a todos que porventura venham a acessar esse singelo Blog, que entre todos os preconceitos existentes no seio da nossa atrasada sociedade brasileira, o maior de todos eles, é sem dúvidas o preconceito contra os idosos. Ele é, tão disparadamente o maior, que até hoje nem reconhecido e adequadamente abordado foi. Pasmem!
O leitor descobriu porque tantas vezes nota que alguma pessoa idosa quando chega ao local onde lá já estavas presente e, vem acompanhada de pessoa jovem, sem que, aparentemente haja necessidade pra isso, pois aquela pessoa idosa se mobiliza com facilidade e demonstra total lucidez? Lógico que costuma ser uma pessoa das relações normais filho, sobrinho, neto. Nada mais natural. Fora isso, a resposta é: sozinha, ela será pessimamente atendida, com pressa (sem motivo) autorizando pessoas que chegaram depois sejam atendidas antes. Falta de educação e por aí vai...Um verdadeiro acinte à dignidade humana.
Você sabe porque os velhinhos (as) estão sempre calados? E sempre recolhidos... introspectivos? É porque suas palavras não são mais "ouvidas", não ficam mais retidas nas memórias dos interlocutores, quase sempre mais jovens, e consequentemente não são respondidas. Pasmem, senhores e senhoras... os anciãos não encontram mais razão para falar, já que não lhes respondem! Somente lhes restam o silêncio! Única e exclusivamente o silêncio. Triste sociedade, essa nossa, onde a experiência de vida não é transmitida aos mais jovens, porque os jovens não a aceitam. E o que é ainda mais incrível... Eles querem nos ensinar... Ah!... Se eu fosse um religioso fervoroso diria... Oh Deus Pai!... Tende Piedade de nós! Abrirdes os olhos dos bem aventurados! Dai-nos a paz também na velhice!...
Do Código do Idoso, sobrou apenas uma pinturinha amarela em 3 ou 4 bancos no transporte coletivo e uma fila alternativa para pagamento de contas nas lotéricas e bancos! Triste rumo, tomou a humanidade a partir do período de início da industrialização com a supervalorização do consumo, turbinado pelas vaidades pessoais da maioria.
Se soubessem, como temos coisas pra ensinar... Felizes aqueles que absorvem os ensinamentos de suas velhas mães e de seus velhos pais. Isso mesmo, e esses felizardos existem e se destacam nas sociedades. Pesquisem nas bibliografias dos grandes nomes das artes, do jornalismo, da cultura de uma forma geral, até mesmo dos esportes e da ciência. Constatarão!